terça-feira, 29 de abril de 2008

O despotismo que nos governa

“VOCÊ NÃO É CONFIAVEL, E EU NÃO QUERO VOCÊ AQUI (1) POR CAUSA DAS IDIOTICES (2) DO SEU PAI. ” Estas foram as palavras usadas pelo sr. Thales Guilherme Carlini, sumo Secretário de Obras e Planejamento da Prefeitura Municipal de São Sebastião, ao comunicar o desligamento do estagiário de arquitetura, Eduardo Nascimento Corte, no dia 22 de abril de 2008.
(1) “AQUI” é a Secretária de Obras e Planejamento, que segundo meu entendimento não é propriedade particular do sr. Thales, que hoje está secretário da pasta, cargo não vitalício ... ou será que ele num desvario pensa ser?
(2) As “IDIOTICES” são as denúncias de superfaturamento em obras públicas realizadas pela Prefeitura e protocoladas no Ministério Público pelo engenheiro civil e segurança do trabalho, Manuel J da Fonseca Corte, pai do estagiário.
Esse fato ocorreu após a veiculação da matéria sobre superfaturamento de obras em São Sebastião pela BandVale. Foi então, que o sumo secretário, num ato de onipotência que julga ter, decidiu atacar o lado que supôs ser mais fraco, já que o outro lado, que é o pai do estudante e autor das denúncias, está fora da sua alçada, restando-lhe apenas a defesa.
Méritos e direitos.... de quem???
Em discurso de boas vindas aos estagiários contratados, o sr. prefeito Juan Manoel Pons Garcia, falou: "Através do processo seletivo, nós oferecemos oportunidade a todos os jovens do município. Os que aqui estão devem ficar muito satisfeitos, pois não devem nada a ninguém, venceram por seus méritos.” Diante dos fatos ocorridos só posso concluir que tal pronunciamento tenha sido uma daquelas “pegadinhas” do PRIMEIRO DE ABRIL, dia da mentira e do discurso proferido acima. Mas, salvo engano, pergunto: O QUE OU A QUEM O ESTAGIÁRIO DEVE PARA TER SEU CONTRATO QUE VIGORARIA ATÉ 31 DE DEZEMBRO, RESCINDIDO APÓS 20 DIAS? ou ainda OS MÉRITOS DO ESTUDANTE QUE FOI APROVADO EM 4º LUGAR NO PROCESSO SELETIVO DE ARQUITETURA, DEIXARAM DE SER COMPUTADOS APÓS AS DECLARAÇÕES DO PAI?
Em outro discurso, de propaganda partidária veiculado em todas as emissoras de TV, o prefeito Juan Manoel Pons Garcia fala do jeito PPS de governar, dizendo que seu governo prepara os jovens para uma vida cidadã ... muito louvável se fosse realidade, pois CIDADÃO é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. Então pergunto: ONDE ESTÁ O RESPEITO PELOS DIREITOS DO EDUARDO, o estagiário que vinha cumprindo seus deveres com dedicação, mas que foi sumariamente desligado do quadro numa perseguição vergonhosa?
Várias foram as tentativas de reverter este lastimável acontecimento, que me isentariam de estar expondo mais esta mazela do poder público sebastianense, mas todas foram inúteis, pois a onipotência é geral. E diante de uma atitude tão vil, não posso me calar, pois se aqueles que hoje ocupam o poder em São Sebastião têm por hábito infiltrar ou usar seus filhos e familiares para espionar quem quer que seja, esta não é, e nunca será, a postura da minha família, não são esses os valores que passamos para os nossos filhos.
Sou uma cidadã que ainda acredita na justiça e nas leis deste País e será sempre através delas que buscarei e encontrarei a verdade de razão.
Cibele Almeida Nascimento Corte
São Sebastião, viva esta emoção “1”

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mais uma da Prefeitura. Querem enganar quem?

Saiu hoje, 22 de abril de 2008, uma matéria no site da Prefeitura, sobre a Pista de Bicicross que dizem que será feita na Praia Grande:
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O que é mais incrivel é a cara de pau da Prefeitura em continuar achando que somos idiotas para acreditar nesses projetos. Abaixo coloco um texto sobre a tal praia da aventura, publicado pelo pessoal do blog (i)licitações, que por sinal estão fazendo um ótimo trabalho. Devemos apoiá-los, porque com essa politicazinha perseguicista que a prefeitura faz, temos que nos unir!

Texto publicado no http://ilicitacao.blogspot.com/ - dia 29/03/2008
Praia da Aventura - ou será desventura?

Relata-se na sequência mais um dos inúmeros imbróglios de nossas obras caras e mal licitadas; reporto-me ao processo licitatório 84.041/06 – Construção do Centro de Lazer e Esportes Radicais da Praia Grande, onde a PMSS através de sua Comissão Permanente de Licitações, promoveu licitação tipo Concorrência Pública, cujos valores planilhados pela Administração importavam em R$ 6.466.476,00. Não se tem as atas e portanto não se sabe quantos e quais foram os participantes, mas independentemente do fato, estranhamente a licitação foi vencida com deságio mínimo de 2,60% (traduzindo, praticamente o valor planilhado pela PMSS) pela Construtora e Pavimentadora Latina. O prazo para execução era de seis meses e o início das obras previsto era de novembro/06.
Nesta obra a licitante “vencedora” deveria, pelo memorial descritvo e planilha orçamentária, executar os serviços a seguir: construção de sistema de arvorismo e escalada, uma quadra de futevôlei, uma quadra de futebol society, uma pista de bicicross bmx, uma pista de skate, uma garagem de canoas, um playground com 4 peças, seis unidades de churrasqueiras, dois quiosques, uma marquise no setor central, recepção para turistas e aventureiros, construção de ponto de ônibus, cobertura e reforma geral de três quadras poli esportivas, reforma geral a ampliação da administração, reforma e ampliação do sistema de circulação de calçadas, acessibilidade e readequação para deficientes, reforma do bloco 1, bloco 2 e bloco 3 no setor central, reforma da área para eventos, reforma e ampliação da fundamar, reforma e decoração da caixa d’água e palco, reforma de portaria, terraplanagem, drenagem e pavimentação, pavimentação do novo sistema de rotatória, iluminação geral do parque temático, paisagismo geral do parque temático, construção de sistema hidráulico e esgoto e limpeza.
Passados dezoito meses da licitação, nada temos, o local está com entulhos, e obras em andamento (devagar quase que parando) sem qualquer ação eficaz da Administração. De forma aleatória serviços são mal conduzidos e fiscalizados (se o são).
Na premissa de não transparência da Administração nada é informado aos munícipes; os serviços não andam, nada se informa e quando questionado ou perguntado, sobre o andar da obra, simplesmente dito que a obra não está parada, simplesmente são fases e deve-se aguardar. Aguardamos e nada. A obra continuou sem qualquer coerência e finalmente foi encontrado uma forma de agilização; através do processo 86.008/06 (?) foi contratada nova empresa, sem qualquer licitação e concorrência e pasmem, no valor irrisório de R$ 4.854.819,95 e pronto as obras já recomeçaram e estão em andamento e em velocidade maior.
Com certeza é caso para o Ministério Público, Tribunal de Contas, Camara Municipal e outros órgãos fiscalizadores, mas como não é este o nosso norte, mas sim o embasamento de subsídios para conhecimento dos processos licitatórios da atual Administração, pergunta-se:
Este é o procedimento licitatório correto? A falta de informação e não transparência nestas licitações é salutar? A falta da livre concorrência e condução de obras para determinadas empresas, traz que benefícios para a Cidade? Qual? Quem está ganhando com isso?
É fácil de verificar que existem muitas pessoas ganhando com isso e mais fácil ainda, é verificar que a Cidade (comércio, prestadores de serviço, empresas e mão de obra) não está ganhando absolutamente nada; é só observar o marasmo por aqui.
Está na hora de agirmos, omissão não leva a lugar algum. Quem estiver disposto a nos ajudar, envie um email para caipora.ss@terra.com.br ou ilicitacao@gmail.com

Novo blog na Ar!

Há pouco mais de um mês foi lançado o Blog (i)Licitação, que trata sobre os processos licitátorios que ocorrem em São Sebastião, e conta a verdade nua e crua em relação as obras superfaturadas da Prefeitura e como o prefeito juan vem administrando porcamente a nossa cidade.
Acessem, é de grande valia.

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http://ilicitacao.blogspot.com/


segunda-feira, 31 de março de 2008

Abaixo-Assinado contra o Aterro do Mangue do Araçá

Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
Todos que assinam esse documento, representando a população do Litoral Norte e interessados na região, vêm requerer desse Instituto que as três áreas abaixo descritas, localizadas no canal de São Sebastião, sejam imediatamente declaradas como Áreas de Relevante Interesse Ecológico.
São remanescentes de mangues que florescem no canal de São Sebastião: 1º - junto ao último trecho de restinga no estuário da Barra Velha, em Ilhabela; 2º - na praia e baia do Araçá em São Sebastião, 3º - uma nova e vigorosa área de mangue, surgida espontaneamente no aterro junto ao porto de São Sebastião. Juntas abrigam uma grande biodiversidade, conforme descrito abaixo.
A cidade de São Sebastião teve recentemente executado, seu plano de reurbanização na área de aterro do canal, na denominada rua da praia, revitalizando o lado leste do mangue, em questão, permitindo que o Córrego do Outeiro se incorporasse à paisagem urbana, para o desfrute contemplativo de seus cidadãos. Esse mangue logo poderá ser integrado à cidade como um Santuário Urbano de Aves Marinhas, o futuro Parque dos Colhereiros. Equipado com uma torre de observação de aves, funcionará como um centro de interpretação e educação ambiental, praticamente no centro da cidade.
Algumas espécies de aves migratórias passam por lá durante algumas semanas por ano, como os colhereiros rosa e os trinta réis que nidificam em vários pontos do canal. Se estimularmos adequadamente, outras espécies interessantes, também poderão ser atraídas.
Consideramos para o presente requerimento, que o Centro de
Biologia Marinha, uma base avançada da Universidade de São Paulo, possui uma área de entorno decretada Área Sob Proteção Especial - ASPE, adjacente ao mangue do Araçá.
Atualmente, pesquisadores de vários Institutos da USP e de outras universidades brasileiras, também produzem importantes estudos científicos na baia do Araçá, como por exemplo, o Prof. Alexander Turra do Instituto Oceanográfico da USP. Em razão da rica biodiversidade, a baía do Araçá é usada como um "laboratório aberto" por biólogos, oceanógrafos e estudantes de todo o mundo.
Somente a presença dos animais migratórios que por ali param para descansar e se alimentar, já justificariam todos os esforços para sua preservação, recuperação e para a remediação das áreas degradadas no entorno. Veja as imagens: Mangues do Canal de São Sebastião
Mamíferos silvestres como morcegos pescadores e lontras da Mata Atlântica são freqüentemente avistados se alimentando nesses pequenos mangues onde abundam crustáceos diversos: ucas, uçás e guaiás, guaiamus, siris e aratús, várias espécies de camarões, isópodas, cracas e outros tantos. Moluscos, peixes e até tartarugas marinhas já foram registradas, ganhando a vida nesses mangues.
Gerações de pescadores artesanais locais vêm freqüentando diariamente essas áreas para também capturar peixes, moluscos e crustáceos. Vestígios de cerâmica pré-colombiana, atestam que os primeiros habitantes desse litoral já conheciam as riquezas desses ambientes, autênticos sítios arqueológicos.
Considerando todo o exposto, os abaixo assinados requerem que as áreas citadas sejam decretadas Áreas de Relevante Interesse Ecológico e que sejam assim mantidas para as próximas gerações.
Até agora 155 pessoas assinaram, vamos aumentar este número e fazer com que este pedaço da natureza permaneça em nossa cidade, intocado e preservado, como é de sua natureza própria. Abaixo segue o link para assinar, conto com vocês!
Abs, Caipora
ASSINE

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

AVISO - Site em Reestruturação

Aviso Importante: O Blog do Caipora não está sendo atualizado devido a reestruturação geral no site. Agradecemos a compreensão e em breve apresentaremos as novidades.
Enquanto isso, se quiser entrar em contato, envie um email para:
caipora.ss@terra.com.br Estamos buscando novas idéias, todas são bem vindas.
Abraços, Caipora

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Essa é a contabilidade da política do Brasil e LN SP

Publico hoje o texto do Dr. João Lucio, do Blog ONG Olho Vivo.
http://ongolhovivo.blogspot.com/

Operação Pente Fino

O orçamento previsto para São José dos Campos, neste ano, é de 1,2 bilhão. Se você dividir esse número por 700 mil habitante, terá uma arrecadação per-capta da ordem de R$1,714,00 por habitante.

Em Caraguatatuba o orçamento previsto é de 196 milhões, que divididos por 85 mil habitantes vai resultar numa arrecadação per-capta da ordem de R$2.300,00.

Em Ilhabela o orçamento previsto é da ordem 90 milhões para uma população de 30 mil habitantes, números aproximados, resultará em arrecadação per-capta de R$3.000,00.

São Sebastião tem uma arrecadação prevista de 230 milhões, que divididos por 62 mil habitantes, resulta em arrecadação per-capta da ordem de R$3.700,00.

Levando-se em conta que nestas cidades do Litoral Norte, grande parte da população é proprietária de imóveis, que contribui com o IPTU, caríssimo por sinal, mas não usa os serviços dos municípios o ano todo. Tem-se que a arrecadação dessas cidades é altíssima e por isso, a política é tão concorrida.

Para se ter uma ideia o orçamento da Câmara de São Sebastião em 2007 foi da ordem de 13,5 milhões para custeio de 9 vereadores, o que resulta numa despesa anual de 1,5 milhões por ano, para cada vereador, ou R$125.000,00 por mês que é o custo de cada vereador, e só para discutir, título de cidadão, moções de congratulações, nome de rua para quem tenha muitos votos, bico de luz, poda de árvore, buraco de rua, o que os presidentes de sociedade amigos de bairro fariam gratuitamente.

Essa a contabilidade da política no Brasil.

Ou as pessoas elegem vereadores que possam contribuir com a mudança dessa situação, ou continuaremos vendo o dinheiro público jorrando pelos ralos da falta de dignidade pública.

A mudança do Brasil começa pelas cidades, é bom passar um pente fino nas chapas de candidatos, e em caso de dúvidas, não corra risco.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

São Sebastião, viva essa corrupção!

Bom dia, publico hoje "em partes" o último texto do Dr. Luis Tadeu, em seu blog. O Blog Livre.
Rua da Praia - dinheiro jogado fora. Foram quase R$ 8.000.000,00 gastos em uma obra mal planejada, superfaturada, feita as pressas entre outras coisinhas mais...
Apesar de São Sebastião ter somente 12,82% das preferências para passar férias, tendo ficado em último lugar no Litoral Norte, conforme pesquisa feita pelo jornal Vale Paraibano, com a afluência de um número significativo de pessoas, podemos ver que a chamada obra da Rua da Praia não comporta o movimento de uma temporada de verão.
Muitas coisas temos visto nestes últimos dias de temporada, carros parados em cima da calçada, desreipeito total com os moradores, e claro, o uso da ciclovia na rua da praia também está sendo mal utilizado, construída, logicamente, para o uso exclusivo de ciclistas. Vemos pessoas andando pela mesma, podendo-se ver mães com um carrinhos de bebê, misturando-se com aqueles que andam de bicicleta. Para complicar, a Prefeitura autorizou que fosse explorado no local o aluguel de triciclos, sendo cobrada a importância de R$ 5,00 por pessoa. Com isso, aquele espaço ficou um verdadeiro caos, com grande risco para ciclistas e pedestres.
O próprio Prefeito Municipal e seu Chefe de Gabinete foram vistos andando pela ciclovia, como se o local fosse adequado para isso. Alias, tendo em vista o modo como foi projetado, acredito que todos pensem assim.
A Rua da Praia não comporta sequer a localização de um circo. Basta vermos o que lá se encontra, ocupando grande parte do gramado ali existente. Também o parquinho de diversões, conforme já denunciado, joga ao mar dejetos de toda a espécie, poluindo nossas praias. Apesar de todo o dinheiro gasto, não existe qualquer estrutura para acomodar eventos assim.
Percebemos também as constantes quedas de energia, onde as luzes do fundo, quadras e pista de skate apagadas, viva essa emoção!
Como se tudo isso não bastasse, além da lanchonete construída com dinheiro público ter sido cedida “graciosamente” para um particular explorar, a chamada Praça da Marinha, acabada recentemente, teve o mesmo espaço licitado duas vezes.
Ela já constava da primeira licitação.
O espaço destinado ao estacionamento de veículos é muito pequeno e praticamente não existe.
A Prefeitura foi obrigada a abrir um acesso em cima da calçada, para que pudessem estacionar precariamente nos fundos do aterro, em local esburacado, escuro e sem segurança. Viva essa emoção!
É este o faraônico projeto, da maior obra construída pelo Prefeito em sua gestão.
Estamos em 2008, ano eleitoral, cabe a nós pensarmos e refletirmos sobre a atual gestão e vermos se queremos viver nesta emoção. Eu não quero, quero São Sebastião diferente e próspera, digna de se viver.
São Sebastião, viva essa Corrupção!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Verão, e mais praias poluídas

Onze praias do Litoral Norte, entre elas as famosas Camburi e Boracéia, na costa sul de São Sebastião, e Feiticeira, em Ilhabela, estão impróprias para banho, de acordo com o boletim de balneabilidade divulgado ontem pela Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo).
O levantamento, o segundo divulgado neste ano, aponta que houve aumento no número de praias impróprias em relação ao primeiro boletim de 2008, divulgado no dia 4 de janeiro, quando apenas duas estavam vetadas para o banho -- Pontal da Cruz, em São Sebastião, e Itaguá, em Ubatuba.
O boletim de ontem mostra que também estão impróprias em São Sebastião as praias Toque-Toque Pequeno, Una e Pontal da Cruz. Em Ilhabela, Itaguaçu e Viana também estão vetadas.
Aparecem ainda como impróprias as praias Itaguá, na altura da avenida Leovegildo, 1.724, e Perequê-Mirim, além do rio Itamambuca, em Ubatuba. Em Caraguá, o banho de mar deve ser evitado na praia do Indaiá.
É isso, viva o Verão!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Emissário submarino Tebar continua contaminando as águas de São Sebastião

No último estudo realizado pela Cetesb e divulgado no final do ano passado, técnicos da estatal constataram a situação do esgoto nos principais emissários submarinos de São Sebastião. O emissário do Tebar teve menor relevância nesse último estudo específico, porque a contaminação dele é tóxica, geralmente provocada amônia e boro gerada pelos efluentes lançados pelo Tebar.
Pelo Tebar entra cerca de metade do petróleo consumido em todo o país.
O estudo da Cetesb mostra que com uma porcentagem baixa de tratamento de esgoto na região, cerca de 20%, intensificado pelo alto fluxo de turistas que procuram a região na temporada, provocam o aumento da quantidade de esgotos domésticos gerados tornando a função do emissário submarino alternativa para o lançamento do esgoto.
A medida, portanto, foi criada por conta da necessidade de melhorar as condições sanitárias e a balneabilidade das praias. No Estado de São Paulo, existem sete emissários submarinos de esgotos, que lançam seus efluentes no mar após pré-condicionamento. Estes sistemas, embora tragam muitos benefícios para a qualidade das praias na medida em que afastam o esgoto delas, também podem trazer prejuízos ambientais se não forem bem dimensionados e operados. Desse modo, o monitoramento ambiental desses lançamentos é muito importante.
Conforme dados da Cetesb, o monitoramento dos emissários da costa paulista passou a ser feito a partir de 2002 e foi intensificado em 2005, quando contemplou os quatro emissários do canal de São Sebastião (o Saco da Capela, em Ilhabela; Cigarras, na costa norte de São Sebastião, Araçá e do Terminal Almirante Barroso (Tebar), ambos na região central de São Sebastião.
O emissário submarino do Tebar, segundo estudo da Cetesb, foi projetado para efluentes líquidos tratados, gerados na drenagem dos fundos dos tanques de petróleo e navios, e para águas pluviais e industriais contaminadas com óleo. Foi construído em 1967 pela Petrobrás para recepção marítima, armazenamento e bombeamento de petróleo e derivados. É o maior terminal da América Latina representando no total uma capacidade de tancagem de 2 milhões de m3 (para petróleo e derivados), destinados a abastecer quatros refinarias no Estado de São Paulo por oleodutos.
O terminal, conforme estudo da Cetesb, é constituído de um oleoduto ligando duas plataformas situadas no meio do Canal de São Sebastião (a aproximadamente 1km da costa) a um conjunto de 40 tanques de armazenamento (na parte terrestre). As plataformas foram construídas nessa distância devido às profundidades do canal, da ordem de até 40 m, o que permite aos navios de maior porte poder atracar (até 300 mil toneladas).
Na ligação entre as plataformas e a parte terrestre existe uma rede de canalizações, além das várias tubulações que escoam o petróleo e os produtos derivados até os tanques de armazenamento, entre as quais estão a canalização para escoamento da água de produção, separada do petróleo no próprio interior dos navios por diferença de densidade, para o tanque de água destinada à Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Ela foi implantada em 1986 e é justamente esse o ponto mais frágil do emissário.
O petróleo chega misturado à água do mar e precisa ser tratado. Quando é jogado no oleoduto tem que estar 100% separado da água. Esta que sobra é devolvida ao mar depois de passar pela ETE, onde também recebe tratamentos químicos. Os resíduos desse processo são o principal problema do emissário, segundo o advogado, ambientalista e representante do Consema, Eduardo Hipólito. “Existe amônia e boro fora dos padrões no canal de São Sebastião.
Na última licença para a Petrobrás, em 2003, foi levado pro Conselho Municipal, o resultado positivo para mutagenicidade, ou seja, os organismos marinhos podem estar sofrendo mutações genéticas”, alerta Hipólito. “Esse emissário contribui para contaminar o canal. A solução seria a Petrobras apresentar uma nova planta para a ETE”, complementa. Segundo ele, a Cetesb estaria dentro do processo de aprovação de uma nova ETE, mais afastada do centro urbano com uma eficiência maior.
De acordo com a Cetesb, existe um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) firmado entre o Ministério Público, a Cetesb e a Petrobras, mas ainda não se sabe o que será feito efetivamente nesse sentido. “Nem a Cetesb e nem a Petrobras estão agindo. Para eles está muito bom desse jeito. Já se discute essa questão muito antes de 2003. A Cetesb aplia a multa e, enquanto isso, o Canal de São Sebastião vem recebendo contaminação,que prejudica a população, os que vivem da pesca e a vida marinha”, finaliza Eduardo Hipólito.
Análise da Cetesb
Segundo o setor de análises de águas litorâneas da Cetesb, foram feitas análises de água e sedimento no Canal de São Sebastião. “Na água é difícil de detectar e não observamos nada relevante na superfície, meio e fundo”, disse a bióloga Débora Orgler de Moura. “Com relação ao sedimento já foi possível observar no efluente do Tebar com salinidade elevada, que a densidade é superior a densidade da água do mar, portanto, se deposita no fundo”, disse ela. Com base nos resultados das análises de organismos, que vivem no fundo do mar foi observado uma alteração na densidade desses microoganismos, que são os protozoários que vivem no sedimento. “Cada organismo tem a sua função e houve impacto nessa comunidade, o que sempre tem uma implicação, porque eles estão inseridos na cadeia alimentar e podem afetar outros seres. Esse resultado é apenas um indicador de toxicidade”, revela a bióloga do setor de análises de águas litorâneas da Cetesb.
A Cetesb realizou esse trabalho em parceria com o Instituto de Geociências da USP, que colaborou nas análises biogeoquímicas e da microfauna dos sedimentos e na interpretação integrada de todos esses componentes ambientais.
De acordo com as informações contidas no texto original do estudo, o trabalho realizado em cooperação com outras entidades demonstrou que o monitoramento da operação dos emissários submarinos, por meio da avaliação da qualidade ambiental, constitui ferramenta fundamental no suporte às decisões técnicas sobre instalação, operação e manutenção desses sistemas tendo sido útil nos processos de licenciamento desses empreendimentos.
“A Cetesb espera, com base no levantamento realizado até o momento, reunir informações sobre as alterações decorrentes da operação dos emissários na costa paulista e acredita que com o prosseguimento do monitoramento será possível um melhor diagnóstico da qualidade ambiental das áreas sob influência desses lançamentos, que servirá como subsídio para o planejamento, projeto e operação de emissários submarinos no Estado de São Paulo e também para o Brasil”, dizia o texto. Apesar disso, o resultado das análises relativo ao ano de 2006, ainda não saiu da estatal e está sem data definida para ser divulgado.
A Petrobras foi procurada na última sexta-feira e prometeu uma resposta até ontem. Porém, até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa não havia retornado as ligações.
Fonte: Jornal Imprensa Livre : Matéria de 8/01/2008